"Die Erde aber war wüst und leer. FINSTERNIS lag über dem Abgrund"
(A Terra estava
desolada e vazia. A ESCURIDÃO cobria o abismo.)
GENESIS
Capitulo I /
Versiculo II
Banda: Aluk
Todolo
Gênero: Dark Ambient / Occult Rock / Black Magic Summoning / Goth Rock /
Krautrock
Período de Atividade: 2004 / Atualmente
O sumo sacerdote esta posicionado em seu trono, não existe pelo nenhum
em seu corpo, seus olhos são amarelos como o azeite de oliva e sua pele negra
como a mais profana das noites. A lua se posiciona imponente no céu, começa o ritual,
pigmeus se entrelaçam e reverenciam em horror sagrado a eleita para o sacrifício
aos deuses, esta se contorce em jubilo demoníaco possuída por íncubos das
profundezas, seus olhos se reviram nas órbitas galáxias mentais se destroem em
segundos, e sua consciência sucumbi diante de tamanha irradiação de poder, o
altar esta preparado, ó poderosa dança, percursionistas convertidos em
anunciadores do destino final da carne humana os pés descalços postos na areia
a selva a norte, o oceano transfinito ao sul, as estrelas ausentes do céu,
acendem a fogueira, mutilam sua carne e queimam seus ossos ó Deuses ja não basta
de sangue derramado nesta noite para vos acalmar? O sumo sacerdote se levanta e lança um sorriso
tartárico a seus fieis e de sua boca morada dos mais ancestrais vermes que se
imaginar possa saíram as palavras 'tudo esta terminado'.
Este pequeno fragmento foi escrito por mim enquanto ouvia Disease que é das músicas da banda. O porque o fiz não saberia explicar mas de antemão eu vos digo que discorrer sobre o Aluk Todolo a mais tétrica formação do Black Metal Frances é algo muito difícil num estado de consciência sem alterações externas pois novamente o espectro de Lovecraft ronda este artigo visto que para entender o Aluk Todolo eu precisaria enlouquecer e mesmo isto não bastaria pois o longo e doloroso regresso depois da loucura seria necessário para vos iluminar e isto é algo que eu creio não ser capaz de conjurar. Humildemente reconheço que com essa banda tudo que posso fazer é especular pois não me foi dada a dádiva (ou a maldição) de estabelecer o contato com as entidades que regem o bramir sinistro que emana desta formação então o meu logus permanece no mais insondável breu. O que significam as músicas? Qual o sentido delas? Teria alguma mensagem
por trás Tudo é suposição pura e absoluta pois a banda em si simplesmente
nunca se pronunciou sobre nada, os próprios músicos se colocam de um jeito como
se fossem apenas um mero canal para que as composições possam surgir no mundo.
Aluk Todolo é a neblina que se instaurou na Terra antes da criação do mundo, como diz no versículo de Genesis citado na epigrafe portanto não é exagero dizer que a banda surgiu no minimo 10
minutos antes do próprio tempo e que Obedience, faixa de abertura do primeiro
CD da banda foi efetivamente o som da criação.
Aluk Todolo é palavra oriunda da religião Toraja
Indonésia e significa literalmente "Caminho para a vida", tal culto
predica que se pode ressuscitar os mortos e que eles caminham entre os vivos. Ninguém cita explicitamente zumbis, mas é só somar um mais um. Apesar do
islamismo ser a religião dominante na Indonésia, o culto Toraja permanece vivo
entre alguns aldeões de planícies mais isoladas. Porra, eu sinceramente não
quero nem imaginar o que é um culto Toraja numa ALDEIA da INDONÉSIA, que
predica TRAZER OS MORTOS DE VOLTA A VIDA. No mínimo é um negócio muito atroz e talvez por isso mesmo tenha sido
a inspiração para três franceses, que segundo especulam por ai, são praticantes
de magia negra e gravam seus discos numa caverna (pelo menos o primeiro,
Descencion, é quase certeza que gravaram numa caverna durante uma possível
sessão de culto Toraja) trazerem tal atrocidade para o mundo. Totalmente
instrumental isso ajuda bastante a aniquilar e muito a cabeça do ouvinte mediano de Black
Metal. A banda é uma entidade caótica que não se comunica somente fala apenas por
emanações cósmicas. Tirando um zumbi que aparece em uma faixa do EP Ordre e um
outro que surge do nada na faixa de encerramento de Descencion, intitulada Disease, não existe palavra alguma em toda a discografia da banda. Encartes dos
discos, apenas preto, eu já tive a oportunidade de ver, alguns símbolos esotéricos, outros relacionados ao toraja, alguma coisa de Aleister Crowley e nada mais. Mesmo ao vivo, visto que a banda ja fez varias e varias turnes o troço
continua totalmente indistinto e austero: Lampada de 220 watts idêntica a que
você tem no teu quarto colocada em frente a bateria, o símbolo da banda ao
fundo e já era sendo difícil até ver a cara dos músicos.
Julian Cope um dos poucos especialistas em música que eu respeito,
definiu a sonoridade deles como "O som da fuga de um Gulag numa
glacial noite de inverno siberiano". É uma ótima definição e acrescento a
ela que toda vez que eu ouço certas passagens me vem a mente o cultro haitiano
dos sacerdotes do Vudu e talvez isto explique o fragmento do inicio deste artigo ter sido escrito por mim. Muita gente por ai gosta de dizer que os músicos da banda são
extremamente limitados mas isso é a mais pura inverdade que já inventaram. Em
verdade vos digo que os músicos são de primeiro escalão. Porem na execução da
nebulosa de trevas que são as músicas, as linhas metódicas e hipnotizantes
podem dar a impressão que a banda simplesmente não sai do lugar. Mas oras, isso
é maravilhoso, a exploração milimétrica de um tema de desdobrando ad eternum,
quem precisa de mais alguma coisa?
Descencion (2007) e Finsternis (2009), são excessivamente
espartanos e sua hipnose ambiente pode e vai causar estranhamento em muita
gente. Mesmo assim é no decisivo Occult Rock (2012) que a banda atingiu o nêmesis da formula que eles mesmos criaram. Este lançamento é um álbum épico com quase 80 minutos de duração de bateria sempre contida e compassada como se fosse um drum machine remetendo muito aos alemães setentistas, as
oscilações de guitarra e de baixo são monstruosamente góticas e em alguns
pontos meio punks mas dificilmente alguém vai perceber isso envolto
nas sombras. Não é atoa que Occult Rock é considerado o melhor álbum deles e facil um dos melhores álbuns dos últimos vinte anos para mim.
Não tenho mais nada a explanar é Neu! meets Khanate jammin' with Yog Sothoth at the ruins of the unknown Kadath. A formação se tornou a minha favorita em qualquer gênero e são raros os
dias que passo sem ouvir. Muitas bandas conseguem passar raiva em sua música outras até ódio e algumas ódio frio e calculado mas só o Aluk
Todolo logrou a unidade que gera a
disciplina, que gera o poder, poder este que é a razão da própria vida.
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