quarta-feira, 17 de julho de 2013

A FLORESTA DE MIL OLHOS DO SHUB NIGGURATH


Banda: Shub Niggurath

Pais de Origem: França

Subgênero: Zeuhl-Noise-Brutal Prog

Período em Atividade: 1986/1994


"GIREI COM A TERRA EM SEU ALVORECER
QUANDO O CÉU ERA SOMENTE POEIRA DE FOGO;
E VI O BRAMIR SOMBRIO DO UNIVERSO
POR ONDE GIRAM SEM PROPOSITO ALGUM OS PLANETAS
POR ONDE GIRAM NUM TERROR INOMINÁVEL
SEM CONSCIÊNCIA, BRILHO OU MESMO NOME."

H.P. LOVECRAFT / NÊMESIS


Sendo o  Shub Niggurath a própria Nêmesis descrita acima. Aqui iremos falar daquela que é provavelmente a mais bem sucedida fusão da história! A fusão da sonoridade habitual de um Univers Zero ou Art Zoyd com uma guitarra tipicamente noise, teclados inacreditavelmente soturnos e um trombone, que cada vez que surge, mais parece um monstro marinho agonizando, é o suficiente para abalar as bases da Terra. É como se a música presente nesses grupos consagrados do R.I.O tivesse sido colocada em uma usina nuclear, fosse fragmentada e virasse radiação! Executando um segundo disco de estudio bem abaixo dos outros a banda é a detentora do monopólio sobre dois dos álbuns mais extremos da história da música: Les Morts Vont (1986) Vite e Testament (1994), até hoje são álbuns que me intrigam profundamente. Juro que, às vezes, até duvidei da existência deles. Mesmo agora sinto que não compreendo bem eles. A incrível atmosfera de misticismo que emana deles, o clima de ficção cientifica de algumas passagens e principalmente e o fato de ser um opus totalmente atemporal são apenas algumas coisas que me causam espanto. Usando as palavras de Lovecraft, recordo-me daquelas que dizem com muita prioridade e sabedoria o seguinte:


"A emoção mais antiga e mais forte da humanidade é o medo, e o mais antigo e mais forte de todos os medos é o medo do desconhecido."

Sendo a banda o próprio medo do desconhecido encarnado. Gosto de ter o controle de tudo, geralmente tudo comigo é muito pensado, muito planejado. Porem há coisas que simplesmente não podem, e nem sequer devem, ser colocadas em situações previamente planejadas. O álbum aqui citado talvez seja o exemplo máximo disso. Seja lá o que for a entidade que atende pelo nome de Les Morts Vont Vite não pode ser controlada, nem por mim nem por você e nem por ninguém! A proposito, e se os OUTER GODS e OLD ONES serem a VERDADEIRA realidade do universo, tendo escolhido um cético como Lovecraft como mensageiro, justamente para que nós pensemos que eles são apenas ficção? Bom depois eu falo sobre isso... No universo da banda ao se adicionar toda sorte de mistérios do subconsciente, o resultado é simplesmente cabalístico. É recomendado sempre ouvir trancado no quarto para assim see you tomorrow, pois a medida que o álbum avança novos e tenebrosos mundos vão se mostrando para o ouvinte.


Friso que o derradeiro disco do Shub Niggurath, Testament também não fica muito atras... É se calhar uma das demonstrações máximas de desumanização na história. Longe de ser teatral ou majestoso o álbum em tela não quer causar medo mas inquietação. Atuando sobre duas bases opostas o trabalho é um testemunho fiel das mazelas da catatonia e o da esquizofrenia. Na sua penumbra a banda se converte em uma sombra fora do tempo e furtivamente furta-lhe a capacidade de pensar, até não haver mais distinção real entre áudio e ouvinte. Decerto alguns dirão que o que aqui se encontra não é música e talvez estejam certos mas quem se importa? Em seus quase 80 minutos de duração esse implacável registro resumiu de maneira magistral a nefasta ocorrência que chama-los de tempo. Cada ruido presente neste álbum é a manifestação real de um tortuoso, inclemente ciclo que se inicia com o tempo, passa brevemente por uma existência miserável e deságua na morte finalmente concluindo de maneira definitiva todas as nossas quimeras e irrealizações as quais os únicos frutos são apenas sementes estereis que jamais irão germinar o nosso incomparável sadismo.



A banda mesmo com um disco de estúdio fraco entre Les Morts e Testament, foi algo inconcebível, surreal e absolutamente necessária para se entender a música extrema de hoje e o grande boom de bandas francesas malditas que apreciamos atualmente talvez não existisse sem a valorosa contribuição desta obscura formação. Shub Niggurath foi um momento de genialidade tão único e raro que provavelmente todos nós estaremos mortos quando outra coisa parecida surgir! Porem mesmo mortos quiça iremos ouvir esse estraçalhante chamado porque por mais que duvidem os céticos quer eles queiram admitir ou não, os mortos caminham depressa e por isso mesmo caminham SEMPRE!















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