domingo, 14 de julho de 2013

Univers Zero - 1313 (1977) / Versão Remasterizada de 2007



Banda: Univers Zero
Álbum: 1313 Remaster
Ano: 1977
Pais: Bélgica
Subgênero: R.I.O/Avant Rock/Chamber Rock/Neoclássico

Músicos:

Michel Berckmans: Fagote
Daniel Denis: Percussão e Bateria
Marcel Dufrane: Violino
Christian Genet: Baixo
Patrtick Hanappier: Violino, Viola
Emmanuel Nicaise: Harmônio
Roger Trigaux: Guitarra

Músicas:

01- Ronde (15:14)
02- Carabosse (3:47)
03- Docteur Petiot (7:45)
04- Malaise (7:58)
05- Complainte (3:23)
06-La Faulx (Live) (28:07)


Malgrado o Univers Zero tenha apodrecido a medida que a sua discografia foi aumentando tal como uma maça numa arvore que passou do ponto e encheu de BIGATOS, iremos deixar implicâncias e rinchas pessoais de lado para falar deles de uma maneira sóbria.

Em março de 1978 varias bandas consideradas marginais e estranhas pelo rock progressivo tradicional se reuniram em Londres na Inglaterra afim de participar de um dos momentos mais lembrados na história da música de vanguarda: A realização do R.I.O-Festival. R.I.O ou “Rock In Opposition”, confesso que esse nome me trás recordações interessantes, não é a maravilha que eu pensava que era muito menos o estilo mais inovador e ousado do Rock todavia mesmo assim possui coisas muito boas e existe no arcaísmo do R.I.O alguma coisa além de pretensão e prepotência, é possível vislumbrar analisando o zeitgeist da época reais lampejos de ousadia, genialidade e fiel a nomeação que o estilo se deu a si mesmo, oposição. Henry Cow, Samla Mammas Manna, Storm Six, Etron Fou e por fim o próprio Univers Zero estiveram presentes neste evento definitivo. Formado na Bélgica no inicio da década de 70 pelo baterista Daniel Denis de inicio atuando sobre o nome de Arkham, o Univers Zero evoluiu de uma formação calcada no Zeuhl e no Fusion para uma sonoridade neoclássica totalmente distinta dos operas espaciais da influente formação de Zeuhl francesa Magma sua ponte primordial de inspiração.

Os seus dois primeiros álbuns 1313 (1977) e Heresie (1979) ainda são trabalhos de muito valor e realmente muito bons embora há muito tempo a produção musical deles esteja deplorável a inciativa que a banda tomou em 2007 e é o grande destaque deste artigo de dar uma nova vida ao clássico 1313 numa esplendida versão remasterizada é possivelmente a última coisa boa que eles fizeram. Acerca da remasterizarão, só posso tecer ótimos comentários: O som ficou muito mais encorpado que na versão original, o baixo mais poderoso e um certo abafamento presente na versão antiga foi inteiramente corrigido. Um trabalho primoroso de edição em estúdio. A arte gráfica do trabalho ficou muito bacana também. Contendo muito mais detalhes que a edição anterior o CD trás consigo uma biografia da banda e uma porção de fotos raras. Sem dúvida nenhuma um documento essencial para entender essa obscura fase inicial da banda.

Todas as músicas são ótimas e memoráveis, a magnífica Ronde que abre o álbum por si só já valeria a aquisição desse disco. Sem duvida nenhuma é uma das melhores obras que a banda já fez, extremamente majestosa, maravilhosamente bem composta e executada sendo uma música deveras soturna, seu estilo marcha vai progressivamente inquietando o ouvinte; Carabosse e Docteur Petiot são melodias intrigantes, andamento um tanto quebrados, algumas coisas a primeira vista parecem realmente não se encaixar porem são excelentes e os timbres novamente são sensacionais; ainda nos resta a memorável Malaise que se diferencia basicamente porque o álbum está MUITO distante de soar como um disco de rock mas aqui nessa música quem sabe temos algum reflexo distante, quase crepuscular, dessa sonoridade, ainda que de uma forma totalmente acústica. Aqui o grande destaque é a bateria de Daniel Denis que faz um trabalho primoroso mostrando performance a um só tempo empolgante e complexa; mesmo a depressiva Complainte que é uma música dita por muitos como destoante do resto do disco surge como uma composição de respeito, quase solo para violino soa áspera e extremamente fria. Os arranjos não são nada calorosos e parecem transmitir uma desesperança terrível. Já se assemelha com algumas passagens do disco seguinte o Heresie.



Originalmente a faixa que termina o 1313, porem nessa versão a banda nos brindou com uma fabulosa surpresa: A grande razão pela qual adquiri essa versão do 1313 foi a sensacional bonus track que a banda inclui nele ou seja a sensacional versão ao vivo da monstruosa La Faulx o clássico incontestável do Heresie e provavelmente a melhor música de toda a banda surge aqui com a sua melhor versão. Em seus mais de 28 minutos de duração, três a mais que a original, é uma viagem macabra e infindável. A intro arrasadora, mais extensa e arrebatadora que a original surge com Guy Segers o baixista da banda convertido em Belial avant rock, começando a declamação de versos profanos para conclamar legiões de espectros, o ritual segue e o recitativo dá lugar a urros cada vez mais intensos. Divindades de H.P. Lovecraft em ação e passados com honras os primeiros 11 minutos de Strum und Drang a cerimonia se encerra e toma contornos mais racionais seguida de um fantástico exercício de irônico e irretocável chamber-rock com fagote e violino ultra dissonantes, entrando em colisão com percussões cada vez mais raivosas.


Sem muito mais o que acrescentar finalizado por aqui. Esse remaster é um deleite sonoro e gráfico. 1313 é um belíssimo álbum que merece ser apreciado e o fato do seu poderio ter sido intensificado com a poderosíssima versão inédita de La Faulx só engrandeceu ainda mais o trabalho. Altamente recomendado a qualquer um por aqui.



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