Banda:
Univers Zero
Álbum: 1313
Remaster
Ano: 1977
Pais:
Bélgica
Subgênero:
R.I.O/Avant Rock/Chamber Rock/Neoclássico
Músicos:
Michel
Berckmans: Fagote
Daniel
Denis: Percussão e Bateria
Marcel Dufrane: Violino
Christian Genet: Baixo
Patrtick Hanappier: Violino, Viola
Emmanuel
Nicaise: Harmônio
Roger Trigaux:
Guitarra
Músicas:
01- Ronde
(15:14)
02-
Carabosse (3:47)
03- Docteur
Petiot (7:45)
04- Malaise
(7:58)
05-
Complainte (3:23)
06-La Faulx (Live) (28:07)
Malgrado o
Univers Zero tenha apodrecido a medida que a sua discografia foi aumentando tal
como uma maça numa arvore que passou do ponto e encheu de BIGATOS, iremos
deixar implicâncias e rinchas pessoais de lado para falar deles de uma maneira
sóbria.
Em março de
1978 varias bandas consideradas marginais e estranhas pelo rock progressivo
tradicional se reuniram em Londres na Inglaterra afim de participar de um dos
momentos mais lembrados na história da música de vanguarda: A realização do
R.I.O-Festival. R.I.O ou “Rock In Opposition”, confesso que esse nome me trás
recordações interessantes, não é a maravilha que eu pensava que era muito menos
o estilo mais inovador e ousado do Rock todavia mesmo assim possui coisas muito
boas e existe no arcaísmo do R.I.O alguma coisa além de pretensão e prepotência,
é possível vislumbrar analisando o zeitgeist
da época reais lampejos de ousadia, genialidade e fiel a nomeação que o estilo
se deu a si mesmo, oposição. Henry Cow, Samla Mammas Manna, Storm Six, Etron
Fou e por fim o próprio Univers Zero estiveram presentes neste evento
definitivo. Formado na Bélgica no inicio da década de 70 pelo baterista Daniel
Denis de inicio atuando sobre o nome de Arkham, o Univers Zero evoluiu de uma
formação calcada no Zeuhl e no Fusion para uma sonoridade neoclássica totalmente
distinta dos operas espaciais da influente formação de Zeuhl francesa Magma sua
ponte primordial de inspiração.
Os seus dois
primeiros álbuns 1313 (1977) e Heresie (1979) ainda são trabalhos de muito
valor e realmente muito bons embora há muito tempo a produção musical deles esteja
deplorável a inciativa que a banda tomou em 2007 e é o grande destaque deste
artigo de dar uma nova vida ao clássico 1313 numa esplendida versão
remasterizada é possivelmente a última coisa boa que eles fizeram. Acerca da remasterizarão,
só posso tecer ótimos comentários: O som ficou muito mais encorpado que na
versão original, o baixo mais poderoso e um certo abafamento presente na
versão antiga foi inteiramente corrigido. Um trabalho primoroso de edição em
estúdio. A arte gráfica do trabalho ficou muito bacana também. Contendo muito
mais detalhes que a edição anterior o CD trás consigo uma biografia da banda e
uma porção de fotos raras. Sem dúvida nenhuma um documento essencial para
entender essa obscura fase inicial da banda.
Todas as
músicas são ótimas e memoráveis, a magnífica Ronde que abre o álbum por si só já valeria a aquisição desse
disco. Sem duvida nenhuma é uma das melhores obras que a banda já fez,
extremamente majestosa, maravilhosamente bem composta e executada sendo uma
música deveras soturna, seu estilo marcha vai progressivamente inquietando o
ouvinte; Carabosse e Docteur Petiot são melodias intrigantes,
andamento um tanto quebrados, algumas coisas a primeira vista parecem realmente
não se encaixar porem são excelentes e os timbres novamente são sensacionais;
ainda nos resta a memorável Malaise
que se diferencia basicamente porque o álbum está MUITO distante de soar como
um disco de rock mas aqui nessa música quem sabe temos algum reflexo distante,
quase crepuscular, dessa sonoridade, ainda que de uma forma totalmente
acústica. Aqui o grande destaque é a bateria de Daniel Denis que faz um
trabalho primoroso mostrando performance a um só tempo empolgante e complexa; mesmo
a depressiva Complainte que é uma
música dita por muitos como destoante do resto do disco surge como uma composição
de respeito, quase solo para violino soa áspera e extremamente fria. Os
arranjos não são nada calorosos e parecem transmitir uma desesperança terrível.
Já se assemelha com algumas passagens do disco seguinte o Heresie.
Originalmente
a faixa que termina o 1313, porem nessa versão a banda nos brindou com uma
fabulosa surpresa: A grande razão pela qual adquiri essa versão do 1313 foi a
sensacional bonus track que a banda
inclui nele ou seja a sensacional versão ao vivo da monstruosa La Faulx o clássico incontestável do
Heresie e provavelmente a melhor música de toda a banda surge aqui com a sua
melhor versão. Em seus mais de 28 minutos de duração, três a mais que a
original, é uma viagem macabra e infindável. A intro arrasadora, mais extensa e
arrebatadora que a original surge com Guy Segers o baixista da banda convertido
em Belial avant rock, começando a declamação de versos profanos para conclamar
legiões de espectros, o ritual segue e o recitativo dá lugar a urros cada vez
mais intensos. Divindades de H.P. Lovecraft em ação e passados com honras os
primeiros 11 minutos de Strum und Drang a cerimonia se encerra e toma contornos
mais racionais seguida de um fantástico exercício de irônico e irretocável chamber-rock
com fagote e violino ultra dissonantes, entrando em colisão com percussões cada
vez mais raivosas.
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