sexta-feira, 12 de julho de 2013

French Black Metal / Parte I: Blvt Avs Nord


"Eu sou o a morte, o grande destruidor dos mundos, e vim aqui para destruir todas essas pessoas. Executando vós, aqui, todos os soldados de ambos os lados serão mortos."

Bhagavad-Gitta
Capitulo XI / Verso 32


Banda: Blut Aus Nord
Gênero: Post-Black Metal, Industrial.
Período de Atividade: 1994 / Atualmente.

INTEGRANTES:

Vindsval: Vocal, Guitarra, Programação.
W.D. Feld: Bateria, dispositivos eletrônicos, Teclados
GhÖst: Baixo, Guitarra.

Imaginem o bramir sinistro d'uma siderúrgica envolta em brumas de resíduos industriais; a zona interdita de Stalker percorrida por legiões de espectros avantesmicos; a aura tenebrosa de hereges cataros em projeção holográfica pairando entre hordas de demônios alados, the great beast... RA-HOOR KHUIT MPH ARSL GAIOL RAAGIOSL BATAIVAH BAPHOMET OIP TEAA PDOCE AEDLEPRNA HERU-RA-HAHA OI OI OI IAO KYRIE ABRASAX, QEALHMA ANKH-AF,NA-KHNSU BAHLASTI MEITHRAS, FINIS GLORIAE MUNDI! BAD TRIP, PARANÓIA VIIIIISÕÕÕES FUNÉÉÉREAS, ACENOS ALUCINOGENOS DE KENNETH ANGER  DESAGUANDO EM TERRIVEL KATATONIA! É exatamente isso que encontramos em forma do incomparável Blut Aus Nord (BAN).


"Blut Aus Nord é um conceito artístico. Nós não sentimos a necessidade de pertencer a essa ou aquela categoria já existente. Mas se Black Metal for entendido como um sentimento subversivo e não somente como mera base ou estilo musical, então Blut Aus Nord muito provavelmente é Black Metal. Porem, se isso apenas servir para sermos comparados com qualquer um desses infantis palhaços satanistas, então, por favor, nos deixe trabalhar fora deste patético circo. Nos temos uma arte diversa dessas bandas medíocres e de sua intenção de recompor uma música que há dez anos alguém já fez de uma maneira melhor."


Assim define o próprio Vindsval o que é a banda. A afirmação acima resume não só a postura deles, mas de todo mundo que se pretende sério no Black Metal. Não adianta mais pensarmos em fazer em pleno 2013 xerox aos borbotões de Freezing Moon, ou dos discos do Mayhem. É preciso decifrar os caminhos e trilhar por eles. E nisso o BAN é realmente uma banda diversificada, tanto que as vezes comete cagadas sérias, mas pelo menos eles estão totalmente entregues ao objetivo de experimentar e evoluir um estilo que a grande maioria ainda considera mega limitado exatamente pela fama de cabeça dura que tem os fãs desse estilo. Obras primas como "The Mystical Beast of Rebellion", "The Work Which Transforms God", "MoRT", os dois primeiros álbuns da trilogia 777 e os Eps da série "Liber", o fabuloso “Odinist” e também Ep "Thematic Emanation" são obras obrigatórias para qualquer um interessado em black metal e nos seus desdobramentos mais variados.

Musicalmente esses caras conseguem transitar tanto pelos blastbeats industrias a velocidade da luz, tanto quanto na vertente de morte agônica, ou apocalipse em câmera lenta. BAN reconhece a derrota do gênero humano e faz disso a sua glória. O ser humano e sua eterna busca pelo misticismo, pela razão do próprio ser, é o objetivo primário da banda. Sua atmosfera frente ao armageddon é sempre a de um pesadelo desolador e solene elegia ao fim dos tempos. No céu da banda esta sempre brilhando o sol negro da eternidade, cujas reminiscências se dissolvem nos miasmáticos contrafortes das ruelas mal iluminadas da cidade deserta. Delíquios sinuosos evocam a melancolia evanescente de tempos ancestrais e de um futuro que se revela cada vez mais apavorante, porem inevitável. A eminencia da tragédia é o motor principal que move o BAN em direção a queda. O uso de efeitos eletrônicos e uma produção notadamente futurista afasta muito ouvinte tradicional que claro, só que saber de podreira mas os inteligentes ficam. A banda gradativamente tem abandonado o black metal e reconheço que eles estão migrando para um futuro incerto, a fusão de rock gótico em câmera lenta extremamente desolador, pode dar frutos excelentes como nas novas faixas que entraram no remaster de Mystical Beast of Rebellion. Blut Aus Nord é o crepúsculo cinzento que leva a noite e desespera os seus pequeninos dias solares. Particularmente, friso que tem muito a ver com a minha personalidade e talvez por isso mesmo, seja a banda que ouça com mais frequência no discorrer da minha vida.











POR: Gabriel Von Kreisler

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