"Eu sou o a morte, o grande destruidor dos mundos, e vim aqui para
destruir todas essas pessoas. Executando vós, aqui, todos os soldados de ambos
os lados serão mortos."
Bhagavad-Gitta
Capitulo XI / Verso 32
Banda: Blut Aus Nord
Gênero: Post-Black Metal, Industrial.
Período de Atividade: 1994 / Atualmente.
INTEGRANTES:
Vindsval: Vocal, Guitarra, Programação.
W.D. Feld: Bateria, dispositivos eletrônicos, Teclados
GhÖst: Baixo, Guitarra.
Imaginem o bramir sinistro d'uma siderúrgica envolta em brumas de resíduos
industriais; a zona interdita de Stalker percorrida por legiões de espectros
avantesmicos; a aura tenebrosa de hereges cataros em projeção holográfica
pairando entre hordas de demônios alados, the great beast... RA-HOOR KHUIT MPH
ARSL GAIOL RAAGIOSL BATAIVAH BAPHOMET OIP TEAA PDOCE AEDLEPRNA HERU-RA-HAHA OI
OI OI IAO KYRIE ABRASAX, QEALHMA ANKH-AF,NA-KHNSU BAHLASTI MEITHRAS, FINIS
GLORIAE MUNDI! BAD TRIP, PARANÓIA VIIIIISÕÕÕES FUNÉÉÉREAS, ACENOS ALUCINOGENOS
DE KENNETH ANGER DESAGUANDO EM TERRIVEL
KATATONIA! É exatamente isso que encontramos em forma do incomparável Blut Aus
Nord (BAN).
"Blut Aus Nord é um conceito artístico.
Nós não sentimos a necessidade de pertencer a essa ou aquela categoria já
existente. Mas se Black Metal for entendido como um sentimento subversivo e não
somente como mera base ou estilo musical, então Blut Aus Nord muito
provavelmente é Black Metal. Porem, se isso apenas servir para sermos
comparados com qualquer um desses infantis palhaços satanistas, então, por
favor, nos deixe trabalhar fora deste patético circo. Nos temos uma arte
diversa dessas bandas medíocres e de sua intenção de recompor uma música que há
dez anos alguém já fez de uma maneira melhor."
Assim define o próprio Vindsval o que é a banda. A afirmação acima
resume não só a postura deles, mas de todo mundo que se pretende sério no Black
Metal. Não adianta mais pensarmos em fazer em pleno 2013 xerox aos borbotões de
Freezing Moon, ou dos discos do Mayhem. É preciso decifrar os caminhos e
trilhar por eles. E nisso o BAN é realmente uma banda diversificada, tanto que
as vezes comete cagadas sérias, mas pelo menos eles estão totalmente entregues
ao objetivo de experimentar e evoluir um estilo que a grande maioria ainda
considera mega limitado exatamente pela fama de cabeça dura que tem os fãs desse
estilo. Obras primas como "The Mystical Beast of Rebellion",
"The Work Which Transforms God", "MoRT", os dois primeiros
álbuns da trilogia 777 e os Eps da série "Liber", o fabuloso “Odinist”
e também Ep "Thematic Emanation" são obras obrigatórias para qualquer
um interessado em black metal e nos seus desdobramentos mais variados.
Musicalmente
esses caras conseguem transitar tanto pelos blastbeats industrias a velocidade
da luz, tanto quanto na vertente de morte agônica, ou apocalipse em câmera
lenta. BAN reconhece a derrota do gênero humano e faz disso a sua glória. O ser
humano e sua eterna busca pelo misticismo, pela razão do próprio ser, é o
objetivo primário da banda. Sua atmosfera frente ao armageddon é sempre a de um
pesadelo desolador e solene elegia ao fim dos tempos. No céu da banda esta
sempre brilhando o sol negro da eternidade, cujas reminiscências se dissolvem
nos miasmáticos contrafortes das ruelas mal iluminadas da cidade deserta. Delíquios
sinuosos evocam a melancolia evanescente de tempos ancestrais e de um futuro
que se revela cada vez mais apavorante, porem inevitável. A eminencia da
tragédia é o motor principal que move o BAN em direção a queda. O uso de
efeitos eletrônicos e uma produção notadamente futurista afasta muito ouvinte
tradicional que claro, só que saber de podreira mas os inteligentes ficam. A
banda gradativamente tem abandonado o black metal e reconheço que eles estão
migrando para um futuro incerto, a fusão de rock gótico em câmera lenta
extremamente desolador, pode dar frutos excelentes como nas novas faixas que
entraram no remaster de Mystical Beast of Rebellion. Blut Aus Nord é o crepúsculo
cinzento que leva a noite e desespera os seus pequeninos dias solares. Particularmente,
friso que tem muito a ver com a minha personalidade e talvez por isso mesmo,
seja a banda que ouça com mais frequência no discorrer da minha vida.
POR: Gabriel Von Kreisler
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