This is not music made by nice guys slumming it, by punk rockers getting their hands dirty, no, this is the sound of old guys pissed and insane, hell bent on punishing the rest of the world, a furious plod and pound fueled by hate, and misery, and drugs. Lots and lots and LOTS of drugs.
(Resenha
do album Dead
no site da loja de discos Aquarius Records)
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Os
texanos do Rusted Shut decerto não foram a primeira banda a elevar a
insuportabilidade latente desde os primórdios do rock’n’roll
a seu state of the art; não hesito em afirmar, todavia, que
estão entre os que a tal mister imprimiram maior radicalismo.
Imaginem
um Flipper ainda mais débil mental, niilista e furioso,
desacelerando ao máximo sua música em compasso de mórbido
pesadelo slowcore, soterrando-a sob toneladas de microfonia
num charco de areia movediça formado por mastodônticos drones
de baixo, e assim forjando uma espécie de noise rock
especialmente brutal, inclemente e hipnótico, amalgamado com
fartas doses de demência psych
e peso catatônico stoner
/ doom. Em suma: é punk
rock registrado por um
gravador avariado com pilhas velhas às margens de uma represa
contaminada, and them
some.
Não obstante, uma
porção significativa de sua insuportabilidade advém do caráter
intratável de seus integrantes, que cultuavam um ethos
existencial pejado de niilismo autodestrutivo numa relação
simbiótica com o fascínio / repulsa da audiência. Rusted Shut joga
com extremos, com o irresistível impulso de 'desarrumar o arrumado',
'deixar o vagão correr solto', sempre encontrando mórbido prazer em
violar todos os parâmetros do bom senso estético, alojando-se com
misantrópica disposição numa dimensão paralela violenta e
inóspita, esfera de extravagante alienação voluntária e
desorientação militante, encarnando destarte a 'grande recusa',
para lançar mão aqui de um termo de Marcuse.
Certa vez ao descrever sua banda, o vocalista e guitarrista Don Walsh disse o seguinte: "Você esta dormindo à noite quando então sente algo passar pela sua boca e acorda com aquele gosto amargo, acende as luzes e não vê nada, mas sabe que algo esteve lá. Basicamente é isso: Rusted Shut é aquela barata que se recusa a morrer.”
A
definição não poderia ser mais exata. Rusted Shut não é uma
banda, é o signo trágico, brutal e eloquente da dissolução
espiritual de toda uma Cultura; é a morte do Ocidente; não é o fim
do Começo, mas o começo do Fim; é um tambor de lixo fermentando
semana após semana, até que nada mais sobre a não ser um obsceno
conúbio entre bigatos e ratazanas, fervilhando infrenes nos fundos
da padaria em que você compra diariamente seu pãozinho francês; ou
apenas uma súcia de delinqüentes, degenerados, psicóticos que se
odeiam entre si, e só se congregam para odiar o resto do universo; o
que é, ou pelo menos deveria ser, a matéria de que é feito o
rock’n’roll,
saliente-se.
Consta que Walsh lutou como soldado na guerra do Vietnã; após voltar do front de batalha, consegue um emprego de operador de plataforma numa empresa de petróleo no Texas; anos mais tarde (1986), se une ao baixista Richee Waste e ao baterista Domokos Benczedi para formar o Rusted Shut; uma década depois, o primeiro registro discográfico (Rusted Shut / Fleece Records); posteriormente dois lp’s (Rehab -2004 / Dead - 2009), além d’uns 3 ou 4 ep’s e cassetes; há uns 5 anos atrás, em virtude de desentendimentos internos, Waste deixa a banda e é substituído por Sybil Chance, mulher de Don Walsh; algumas fontes afirmam que a moça é tão ou mais violenta e intratável que o próprio Walsh; o casal se separa após inomináveis barracos, e um tal de Kyle Phillips entra na bodega para assumir o baixo. É isso, basicamente.
Enfim...
O negócio aqui é não é música sofisticada, pejada de alusões
‘inteligentes’ ou referências cult;
nem tampouco composições de vanguarda , fusões arrojadas ou
Caetano Veloso (muito embora seja realmente FODA, não mera afetação
pseudo-rocker
‘para
inglês ver’): trata-se, pura e simplesmente, de truculência sonora
de primeira ordem, indispensável para os maníacos, assassinos
seriais, sociopatas e congêneres.
De
resto, Rusted Shut realmente
esta um passo ALÉM, sempre. Não existe limite. E se o Bem é
infinito e eterno, também o Mal não poderia deixar de sê-lo,
conforme nossos amigos tão enfaticamente demonstram.
Excelsa
formação, que Deus abençoe esses tribunos do HORROR.
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Por fim, os vídeos que criei em homenagem à banda:
Alfredo RR de Sousa
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